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Criação de Personagens Orientada a Perguntas – parte 5 – trabalho e hobby

Tendo criado a necessidade imperiosa do personagem e respondido perguntas que a rodeiam, já é possivel ter uma ideia de como o personagem se comporta, do que ele precisa e, em geral, que tipo de pessoa ele é. Mas ainda assim existe muito o que ser delineado, pois a maior necessidade de uma pessoa, embora mostre como ela se comporta e o que ela busca com maior afinco, do que sua alma precisa, não diz como funciona sua vida, o que ela já tem e, em geral, aquilo que viveu.

Esta etapa da criação começa a tratar sobre tais caracteristicas. Observando tanto o trabalho quanto o hobby de um personagem faz com que as poucos se vá descobrindo a vida corriqueira do personagem, as  habilidades que ele possui, seus conhecimentos em geral e aquilo que gosta de fazer por lazer.

Talvez esta etapa pareça um pouco menor em relação à anterior, que lida com grandes aspirações do personagem e com aquilo que direciona sua vida. Contudo, tanto quanto aquilo que ele busca com mais afinco, a forma como ele se comporta em sua vida corriqueira é um reflexo de toda sua vida passada, bem como tem o poder de determinar que tipo de pessoa ele é.

Trabalho, neste contexto, não deve ser visto como um trabalho formal, como é costume considerar na sociedade humana “padrão”, mas como uma abstração do conceito de trabalho. A ideia é que seja uma obrigação que o personagem tem que cumprir com frequencia, que pode ser de sua escolha ou não, que lhe seja agradavel ou não, mas que seja algo feito com certa regularidade e que seja uma obrigação. Estudar e trabalho escravo estariam dentro desta categoria, por exemplo. A ideia é saber o que o personagem faz para viver, aquilo que se considera sua principal atividade feita para preencher seus dias.

É importante delinear esse “trabalho”, bem como coisas que o cercam pois tem uma grande influencia nos conhecimentos e habilidades de um personagem, além de, a depender do trabalho e do gosto pelo mesmo, moldar a forma como enxerga o mundo, bem como das prioridades e pontos de vista que poderia assumir. Por exemplo, é de se esperar que um advogado tenha bons conhecimentos sobre lei, além de possivelmente manter um ar de seriedade e formalismo diante de situações importantes, sem contar que, diante de um impasse moral, invarialvelmente iria considerar a parte legal.

Caso determinado personagem não esteja no momento em um “trabalho”, digamos, caso tenha caído em uma ilha deserta, tenha sido magicamente transportado para um mundo diferente, ou esteja perdido no espaço, ainda assim é interessante responder as perguntas sobre esta caracteristica. Neste caso, responda sobre o trabalho passado dele, sobre o que ele fazia quando sua vida era “normal”. Dessa forma terá informações valiosas sobre que tipo de coisa o personagem fazia e tambem dos contrastes entre o que era sua vida comum com a vida a qual fo lançado.

Hobby deve ser encarado como qualquer atividade que o personagem considere como entretenimento. Algo em que seja um entusiasta, que procure conhecer e praticar por pelo puro prazer de conhecer ou desfrutar daquilo. Aqui se encontrariam coisas como artesanato, tenis, equitação, história local, blogs, escrita não profissional e as coisas mais estranhas que alguem pode vir a se interessar (visitar cimitérios, talvez).

Ao responder sobre hobby, os objetivos são semelhantes ao de trabalho. Já que tambem evoca habilidades que o personagem adquire e conhecimentos que ele pode vir a ter, assim como assinala algo comum ao dia a dia. A diferença principal é que, diferente do trabalho, a ideia de hobby seria uma atividade em que não existe uma obrigação, é uma atividade realizada tão somente porque o personagem gosta daquilo. Aproveite a deixa para mostrar mais da personalidade, desenvolver o gosto entusiasta de determinado personagem é uma ferramenta poderosa, que refletirá bastante em sua vida passada e tem o poder de dar dicas sobre, em seu intimo, a despeito de fingimentos, qual sua verdadeira personalidade.

E agora, continuação do “Design” de Jareen Surtova.

 

– Qual é o trabalho do personagem?

Jareen não possui um emprego propriamente dito, ou, pelo menos, nenhuma atividade regular que seja obrigatória. Contudo, seu conhecimento e sagacidade é estimado pela antiga princesa de Tirasli e agora supremo general da nova nação que se formou. Não é uma posição que se despreze, pois trás poder e riquezas para os que sabem dançar ao som da música ouvida pelos poderosos, mas, ao menos teoricamente, Jareen é livre para decidir não participar das reuniões onde os soberanos da nova nação decidem o andar de seu terreno… no entanto, porque faria isso, afinal? A opinião de Jareen é consultada principalmente em questões que dizem respeito à magia (o que o torna o primeiro mago a se envolver diretamente em algum governo em toda Cmyvllaeth) e também em decisões moralmente ambíguas, as quais Maralis sabe que ele consegue ser imparcial, racional e criativo. O primogênito Surtova tem quase tanto poder que alguns dos Lordes do reino dividido e, embora tenha inimigos, costuma-se ouvir o que ele diz.

– Como ele adquiriu esse trabalho?

Durante a guerra civil de Tirasli, Maralis e os outros lordes que participaram da rebelião precisavam de todo apoio que conseguissem entre as linhagens de senhores feudais[K1]  e de famílias ricas do reino. Jareen podia ser o filho descartado de um nobre influente e um homem repulsivo e alquebrado, mas ele era ajuda e ele era leal as suas motivações, coisa que estava em falta naqueles tempos. Quando o golpe foi realizado, os conflitos e guerras mais acalorados terminados e ambos os lados da nação ferida retornavam ao quinhão conquistado para lamber as feridas e criar uma nova nação (ou recriar a que se partiu) foi natural que os colaboradores que atuaram durante a guerra como comandantes e confidentes acabassem conseguindo posições de confiança. Com Jareen não foi diferente e, mesmo ciente dos problemas com sua família, Maralis o julga um recurso muito importante para ser descartado devido a convenções sociais e preconceito.

– Como este trabalho beneficia a ele?

Riquezas, influência, recursos e poder. Luxo, se ele quisesse, mas viveu a vida toda longe dos lugares mais brilhantes da sociedade e se acostumou com o ambiente recluso, mais, consegue ver as vantagens de ficar fora dos holofotes. Além do mais, esta posição de poder e influencia é justamente o que precisa para manobrar as politicagens e conseguir o comando de um exército, para então conseguir sua tão almejada vingança.

– O que ele precisou aprender para desempenhar este trabalho?

Ele não aprendeu nada específico para o seu “trabalho”. No entanto, todo os conhecimentos que adquiriu em seu tempo de reclusão, de uma forma ou de outra colaboraram para que pudesse conseguir a confiança da antiga princesa e mostrar que possui domínios em campos variados, um ótimo raciocínio lógico e uma sensatez apropriada para movimentos políticos e administração, mas ao mesmo tempo uma boa visão para tempos de guerra. No entanto, talvez tenha sido principalmente seu conhecimento sobre magia que tenha trazido o diferencial, já que foi, talvez a primeira pessoa a utilizar a magia moderna como recurso estratégico em batalha, mesmo numa época em que esta área do conhecimento ainda não havia adquirido todo o renome atual e ainda galgava o interesse da comunidade científica de Tirasli.

 

No próximo post: Presente, passado e futuro.

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